terça-feira, 19 de abril de 2011

Cinema de rua de volta em cartaz na cidade

Salas de exibição fora de shoppings retornam com nova proposta: ingressos a preços populares e localização em bairros ou comunidades com poucas opções de lazer

POR CRISTINE GERK

Rio - Eles eram a principal fonte de lazer da cidade até os anos 90, mas gradativamente foram fechando as portas até quase saírem de cartaz. Agora, os cinemas de rua estão fazendo uma reestreia, com novo roteiro: ingressos populares para moradores de bairros onde há poucas alternativas de diversão. A empreitada já é sucesso de bilheteria em vários pontos do Rio e vai se estender a outros pontos, inclusive favelas pacificadas.

Em Sulacap, Zona Oeste, as seis novas salas do Cine 10, no supermercado Carrefour, têm ficado lotadas desde a inauguração, em outubro, sobretudo durante as sessões populares — com entrada a R$ 4. Cerca de 10 filmes estão em exibição para 1.300 lugares, com oferta para todos os gostos: infantil, ‘cult’ e Blockbusters. O programa tem recursos da Agência Nacional de Cinema (Ancine) e do BNDES.

“Moro na Taquara e lá só tem cinema no shopping. Vim para cá porque é mais barato e tem mais opção”, elogia a dona de casa Andrea Santos, 38. Gerente do Cine 10, Fábio Parras defende que mais cinemas como este sejam instalados no subúrbio: “Cinema em shopping acaba gerando outros gastos e desestimula”.

Em Guadalupe, Z. Norte, equipamentos de última geração e poltronas ergonômicas garantiram à sala de 73 lugares na entrada do shopping o posto de cinema com 2ª maior ocupação da América Latina. O 1º lugar é do Complexo do Alemão. Os campeões de audiência em Guadalupe são filmes nacionais, que podem ser vistos a R$ 6 (inteira) ou R$ 3 (meia). Há ainda biblioteca no local, com aluguel gratuito.

“Trazemos alunos e professores da rede pública para exibições com ingressos patrocinados pela Petrobras e promovemos debates. Somos os maiores exibidores de filmes nacionais no Brasil, segundo a Ancine”, gaba-se o coordenador de programação e exibição do Ponto Cine, Léo Barros. “Já recebemos vários visitantes ilustres e agora os frequentadores até são convidados para dar opinião em filmes que estão para estrear”.

No novíssimo cinema instalado com apoio da prefeitura no Alemão, o morador paga só R$ 4 para assistir aos últimos lançamentos do circuito comercial, com direito a tecnologia 3D. São 91 lugares no primeiro cinema dentro de uma comunidade no Brasil. O motorista de ônibus Juarez de Souza, 58, vai pela primeira vez à sala  neste fim de semana com a mulher, depois de indicação da filha: “É muito melhor vir aqui pertinho, ainda mais se tem qualidade boa no lugar”, defende.

Depois do sucesso, novas salas estão por vir

A empreitada está dando certo e começando a se espalhar. Segundo Léo Barros, seis novas salas no shopping Via Brasil, em Irajá, serão inauguradas até junho, além de outras seis no shopping Jardim Guadalupe. “Provamos que essa ideia tem público, dá renda. Estamos desde 2006 nos mantendo com boa margem de lucro”, explica o coordenador, que já está em negociação para construção de três novas salas no Penha Shopping e duas no Centro Cultural Abrigo dos Bondes, em Niterói. “Já temos lugar certo, só precisamos de novos parceiros para conseguir verba para finalizar a construção”, conta.

O gerente do cinema do Alemão, Wellington Cardoso, revela que já começaram obras para construir salas nas comunidades da Vila Cruzeiro, também no Alemão, e Juliana Moreira, em Jacarepaguá, com parceria da prefeitura. Nesta sexta-feira, o CineCarioca Nova Brasília recebeu astros hollywoodianos, como Jamie Foxx, na pré-estreia da animação “Rio”.

Um comentário:

  1. A produção de espaços de lazer tem sido cada vez mais privatizados, onde o acesso para a população de baixa renda se torna mais dificil. A maioria dos espaços de lazer e convivência social de qualidade se encontram em áreas mais nobres das cidades, ou dentro dos shoppings. Diante disso se faz a necessidade de pensar também em espaços de lazer dentro das comunidades carentes buscando atender a sociedade em sua totalidade. Não é só a criação de espaços como praças ou quadras de futebol, mas também espaços culturais,como os teatros e os cinemas.

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