terça-feira, 19 de abril de 2011

Grupo teatral oferece experiência sensorial em plena rua Augusta

Em meio a uma das ruas mais ecléticas e badaladas de São Paulo, jovens são convidados a viajar pelo imaginário.

Thais Sabino, especial para o iG Jovem

Um convite para entrar na área dos fundos de uma hamburgueria da rua Agusta, com a condição de usar uma venda nos olhos e não saber sequer o que aguarda após passar pelas duas portas, pode soar estranho. Mas é este mistério que atrai jovens, em meio aos bares e baladas, a assistir, ou melhor, sentir a peça de teatro sensorial Kinema, do grupo Sensus.

“Tem gente que está passando na Augusta, vê que aqui tem a apresentação e entra para ver”, afirmou a diretora Thereza Piffer. Segundo ela, o espetáculo é individual, adaptado de acordo com a reação do espectador. Assim que aceita a proposta, o convidado aguarda em uma sala silenciosa, de sofás vermelhos e luz baixa. A Kinema acontece atrás de cortinas negras.

“Sente-se confortável?”, é a pergunta de um dos atores após colocar a venda nos olhos do visitante. Em seguida, as mãos dele são amarradas e ele é conduzido pelos atores, já que a peça acontece em movimento. Com os olhos fechados, os outros quatro sentidos ficam aguçados e as vozes dos intérpretes que rodeiam o espectador soam mais profundas. As falas são sobre filosofias de vida e abordam o instinto humano, busca pela felicidade, pecado, liberdade e amor. O espetáculo consegue simular desde a ação de remar um barco até o voo de um pássaro, com barulhos, água, odores e vento. “O objetivo é mexer com o imaginário”, explica Thereza.

Ao final do trajeto, as expressões são de encantamento e leveza. “Seja bem-vindo”, é o que o espectador escuta de um dos atores. Durante a apresentação, segundo Thereza, a pessoa passa por 15 intérpretes e é fácil perder a noção do tempo. “Tem gente que acha que durou alguns minutos, outras que durou mais de uma hora, mas a Kinema acontece durante 40 minutos”, disse ela. Sendo que a cada dois minutos, um novo espectador entra pelas cortinas pretas.

O grupo Sensus existe há 6 anos e os integrantes da equipe não têm um perfil padrão. “Tenho atores a partir de 21 anos, alguns ainda estão na faculdade”, conta Thereza, que também trabalha com profissionais da faixa de 30 e 40 anos. Para interpretar a Kinema, a diretora avalia como a pessoa lida com o ego e aparição. “Os espectadores estão de olhos fechados,  eles não vêem os atores, então, se a pessoa quiser fama não tem o perfil para o grupo”, explica. Mas, ao mesmo tempo, os artistas têm a oportunidade de sugerir mudanças no espetáculo e adaptar a própria performance.

A apresentação da peça Kinema acontece às quintas-feiras. Como o espetáculo é individual, o espectador escolhe o horário que quer ir, entre 21h e 23h. “Dá para vir depois do trabalho, da novela e antes da balada”, disse Thereza. A peça fica até o final de março na hamburgueria Del Gusta e, depois, segue para outro espaço ainda não definido. “Quero continuar com o espetáculo até o meio do ano”, afirmou a diretora.


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